VACINAS DE VÍRUS INATIVADO – Coronavac
- Mecanismo: as vacinas de vírus inativado são de uma tecnologia conhecida há décadas e utilizada em várias outras vacinas, como por exemplo, a vacina contra a gripe. Nestas vacinas, o laboratório produz multiplica, em ambiente seguro, o vírus em quantidades enormes. Depois este vírus é inativado (a gente não diz “morto” porque vírus não são considerados seres vivos, mas a ideia é essa) através de calor ou produtos químicos. A carcaça deste vírus é, então, a base desta vacina, que ensina o nosso organismo a combater o vírus a partir da exposição a esse “esqueleto” do vírus “morto”. Uma dificuldade desta vacina é que sabemos que, pelo vírus ser inativado, a capacidade dele de estimular o nosso sistema imunológico é menor, o que leva a uma eficácia um pouco menor também se comparada a outras tecnologias.
IMPORTANTE: ESTA TECNOLOGIA NÃO É CAPAZ DE CAUSAR DOENÇA, UMA VEZ QUE O VÍRUS CONTIDO NA VACINA ESTÁ INATIVADO. Ou seja, o vírus não tem capacidade de se multiplicar, muito menos de adoecer a pessoa que toma a vacina.
- Número de doses: 2, com intervalo de 14-28 dias entre elas. Entretanto, alguns estudos buscam saber se um intervalo maior entre as vacinas poderiam conferir maior imunidade. Até este momento – 25 de maio de 2021, 14-28 dias é o tempo preconizado.
- Segurança: nenhum efeito adverso grave foi relatado (doença grave ou morte). Entretanto, a maior parte dos voluntários teve efeitos colaterias leves e temporários (um a dois dias de duração), tais como cansaço, dor de cabeça, dor muscular e dor no local da injeção.
- Eficácia: os estudos mostram que esta vacina proporciona – somente após a administração das duas doses – uma proteção contra a COVID-19 em torno de 50% para o adoecimento a e maior, em torno de 78% de proteção para casos leves, impedindo a necessidade de internação hospitalar. E os 100% contra casos graves? Infelizmente, este é um número que não pode ser apresentado, já que as análises estatísticas não permitem essa conclusão.
Vantagens:
- tecnologia amplamente utilizada, segura também para grupos imunossuprimidos (gestantes, pacientes HIV+, pacientes com câncer, etc);
- parcialmente produzida em território nacional, o que facilita a sua distribuição;
- não necessita de adaptação do nosso sistema de saúde para ser distribuída.
Desvantagens:
- dependente da importação de IFA do exterior, o que dificulta a continuidade da produção no país, já que todo o mundo acaba disputando os mesmos recursos;
- menor eficácia se comparada a outras tecnologias, mas ainda importante ferramenta de proteção individual e populacional;
- menor eficácia em pacientes mais idosos, o que já era esperado em algum grau, já que estes pacientes têm um sistema imunológico que pode, naturalmente, responder menos aos estímulos das vacinas. Isto pode levar à necessidade de uma dose de reforço muito em breve, o que ainda está sendo analisado.
VACINAS DE VETOR VIRAL MODIFICADO – AstraZeneca/FIOCRUZ e Sputnik
- Mecanismo: as vacinas de vetor viral modificado têm um nome estranho, mas são fáceis de serem entendidas e têm tecnologia em desenvolvimento desde 2012. São como um cavalo-de-tróia (lembra da história?): um vírus vivo, mas incapaz de infectar o ser humano (ele não consegue se multiplicar e, por isso, é chamado de não-replicante), é modificado para apresentar um pedacinho do vírus que a gente quer que o corpo reconheça. Ou seja, no caso da vacina da COVID-19, conseguimos colocar um pedaço do vírus da COVID-19 em um outro vírus vivo que não consegue infectar o nosso corpo, mas consegue estimular o nosso sistema imunológico com intensidade.
IMPORTANTE: ESTA TECNOLOGIA NÃO É CAPAZ DE CAUSAR DOENÇA, UMA VEZ QUE O VÍRUS CONTIDO NA VACINA É MODIFICADO PARA NÃO SE MULTIPLICAR NO ORGANISMO HUMANO. Da mesma forma que nas vacinas atenuadas, o vírus não tem capacidade de se multiplicar, muito menos de adoecer a pessoa que toma a vacina. ENTRETANTO, POR ESTAR ATIVO, TENDE A GERAR PROTEÇÃO IMUNOLÓGICA MAIOR, OU SEJA, TEREM MUITO BOA EFICÁCIA.
- Número de doses: 2, com intervalo de 12 semanas entre elas.
- Segurança: Foram registrados eventos adversos RARÍSSIMOS relacionados à eventos trombóticos em pacientes que fizeram uso da AstraZeneca/FIOCRUZ. Mas o que é isso? Algumas pessoas, principalmente no grupo de mulheres entre 20-50 anos, apresentaram quadros incomuns de trombose depois de fazer uso da vacina, inclusive com mortes registradas entre as pessoas que fizeram estes efeitos colaterais. Entretanto, é preciso lembrar que o risco de desenvolver trombose pela própria COVID-19 é MUITÍSSIMO MAIOR do que o risco de desenvolver trombose pela vacina. Mais do que isso: pacientes fumantes têm risco muito maior de trombose do que a vacina proporciona, assim como pacientes que usam anticoncepcionais orais (pílula). Então, não se justifica não tomar a vacina pelo medo da trombose. O que precisa ser feito é, como se faz em toda e qualquer intervenção médica, ficar atento a sinais e sintomas após a vacinação.
- Eficácia: os estudos mostram que esta vacina proporciona uma proteção em torno de 76% após a primeira dose e acima de 80% com a segunda, o que é excelente tanto em termos individuais, quanto tem termos populacionais.
Vantagens:
- excelente eficácia;
- parcialmente produzida em território nacional, o que facilita a sua distribuição;
- intervalo longo entre doses, o que ajuda na distribuição da vacina pelo país;
- não necessita de adaptação do nosso sistema de saúde para ser distribuída.
Desvantagens:
- ocorrência eventos adversos de trombose incomum, embora raríssimos.
- pode ter resposta imunológica menor contra algumas variantes, como aquela primeira identificada na África do Sul.
Quando outras vacinas estiverem disponíveis no país, voltamos para explicar a sua tecnologia!
Até já,
Drª Luana
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18 Comments
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Muito Bom Dra!
Muito bom. Fiz a AstraZeneca e srm nunhim sintona.
Tenho 63 anos.
Que ótimo, Noraci! Fico feliz! Um grande abraço e muita saúde!
Parabéns Dra. adorei as informações publicadas no blog, descomplicou o assunto vacinas.
Olá Adilson, muito obrigada! Fico feliz!
Abraços!
Parabéns, Dra. Texto bem esclarecedor até para pessoas leigas como eu.
Olá Tony! Que bom, muito me alegra! Abraços!
Excelente!
Muito obrigada!
Que show !! Explicação da Dra.Luanassobre as diferenças e as diferentes vacinas fabricadas no Brasil . Butantan e Fiocruz. Explicação límpida, facil de entender e clara como nunca li ou ouvi antes .
PARABÉNS
DRA. LUANA
E OBRIGADO.
Eu que agradeço!
Dra meu primo possui síndrome de guillan- barré. Alguma dessas vacinas em especifico é melhor ser evitada no caso de quem possui essa comorbidade? No site da academia brasileira de neurologia, eles dizem que não é indicado o uso de vacina a base de vírus vivo atenuado, caso comprovado no futuro por alguma agência reguladora. Quais vacinas seriam a base desse vírus e pq não seriam indicadas? Aproveito para parabenizar pelo trabalho que tem feio, nos orientando a respeito do covid. 🙂
Olá Gabriella!
As vacinas da AstraZeneca, do Instituto Gamaleya (Sputnik) e da Janssen são baseadas em vírus vivos. Entretanto, à exceção da Sputnik, todas as outras são de vírus não replicantes, ou seja, incapazes de se multiplicar e causar doenças.
Até o momento (13 de Junho/2021), não há contra-indicação da vacinação de pacientes com histórico de GB com relação ao COVID-19.
Abraços!
Dra. Luana, sou sua fã! Tenho 59 anos e 7 meses. Mas vamos lá. Fui acometida em 2018 com PTI (plaquetas foram a 1.000). Segundo os medicos na época, meus anticorpos “comiam” minhas plaquetas e a produção delas para reposição era ineficaz. Após 3 meses tomando 100 mg de corticóides, elas foram regularizando. E, ao que tudo indica, estou em remissão. Porém sinto muitas dores nas pernas e inchaço…além de ser uma fumante contumaz! Tenho receio da trombose. Pergunta: QUAL DAS VACINAS É INDICADA PARA QUEM TEM/TEVE ESTA COMORBIDADE?
Olá Simone!
Você ainda está em uso do corticóide?
Se a sua doença está em remissão, este é o momento ideal de se tomar a vacina. Entretanto, esta deve ser uma decisão compartilhada entre você e seu(sua) médico(a). Nenhuma das vacinas disponíveis até hoje (13/06/2021) são contraindicadas entre pacientes com doenças autoimunes, mas a vacina Sputnik não deve ser tomada pelo grupo em imunossupressão, conforme preconizado pela ANVISA.
Abraços!
Suas e explicações, ok, mas o respeito pela minha escolha individual se quero ou não colocar pra dentro do meu corpo algo deve ser respeitada e não vejo isto ser preconizado por você. Isto não deixa minha admiração por seu trabalho ser ampla…
Cara Bianka,
você, como qualquer pessoa, tem todo o direito de fazer o que quiser com seu próprio corpo. Este direito, entretanto, esbarra na sua responsabilidade coletiva: ao não se vacinar, direito seu, você precisa restringir a sua capacidade de contaminar outras pessoas ou de adoecer e ocupar um leito de hospital que poderia ser ocupado por outro indivíduo em necessidade. Nossas escolhas – totalmente asseguradas e livres – precisam somente ser bem informadas, para que saibamos exatamente aquilo que estamos escolhendo e quais as implicações de cada uma delas.
Muito esclarecedor .
Me lembrei ontem que a senhora tem esse blog e estou amando ler tudo que está disponível aqui .
Acredito muito na senhora e sei que tudo que tem aqui é verdade , é confiável .
A ciência para mim tem sido como nosso sinto de segurança
Quando estamos com o sinto de segurança em um acidente, a probabilidade de sairmos com vida é muito maior .
Então não é sobre gostar de usar o sinto , é sobre a importância que damos a nossa própria vida !
Obrigado por tanto dra , por nos ensinar , não tem palavras suficiente para te agradecer
Um forte abraço