Bom, então agora vamos começar a falar da COVID! Temos alguns testes disponíveis no momento e vamos falar de cada um deles:

1. Teste de Detecção Viral – PCR: o PCR (do inglês polymerase chain reaction, reação de polimerase em cadeia) é um teste que procura diretamente por partes do vírus no organismo. É como se tivéssemos uma peça daqueles brinquedos tipo blocos de encaixar de criança que engata perfeitamente em outra e somente nesta outra. Isso significa que, a sensibilidade do PCR é de quase 100% – quando um exame deste tem resultado positivo, o paciente o paciente tem o vírus da COVID-19 no organismo.

Informações do exame:

  • Qual o material utilizado? secreção respiratória. Introduz-se um instrumento que lembra um grande cotonete (chamado swab) no nariz e na garganta do paciente, com o qual coletamos a secreção que ali fica. Se o paciente está grave, podemos utilizar a secreção pulmonar através do respirador;
  • Qual a sensibilidade? É variável, o que é ruim. Depende do material usado, de condições clínicas do paciente, e da qualidade técnica de quem o faz. Tem valor em torno de 60% para as secreções de nariz e garganta, sendo pior nos pacientes assintomáticos e melhor quando avaliamos as secreções pulmonares.;
  • Qual a especificidade? Praticamente 100%.
  • Quando fazer? Recomenda-se coletar a partir do terceiro dia de doença.
  • Até quando fica positivo? Normalmente, por pouco tempo, aumentando a chance de ficar negativo a partir do 7º dia de doença. Em alguns casos, entretanto, pode permanecer positivo por semanas!
  • Se positivo, significa que o paciente está transmitindo a doença? Não! O teste é capaz de identificar partículas virais, mas não é capaz de dizer se estes vírus são viáveis ou não (se estão “vivos” ou “mortos”).
  • Resultado: em até 2 dias, normalmente.

PCR


Pontos Positivos:

– “Vê” o vírus!
– Se vem positivo, o paciente TEM o vírus!
– Detectável cedo na doença (a partir do 3º dia).

Pontos Negativos:
– Pode vir negativo e o paciente estar doente;
– Não difere entre vírus “morto”e vírus “vivo”


2. Testes Sorológicos: identificam as imunoglobulinas, proteínas do organismo, que são produzidas em resposta ao ataque feito pelo vírus. As imunoglobulinas identificadas são 3: IgA, IgM ou IgG.

A IgA e a IgM são chamadas imunoglobulinas de fase aguda: aparecem bem cedo na doença e também desaparecem cedo. Começam a surgir a partir do 7 a 14 dias a partir do início dos sintomas. Já a IgG é uma proteína de fase tardia: aparece mais tarde na doença – depois do 10º dia e fica positiva por um longo período – às vezes, pela vida toda! É por isso que a IgG é também conhecida como “cicatriz sorológica”. É como se fosse um carimbo de que a pessoa já teve contato com aquele microorganismo em algum momento da vida.

As imunoglobulinas não têm relação direta com o fato de o paciente desenvolver ou não imunidade depois de uma primeira infecção. Em relação à COVID-19, por exemplo, ainda não sabemos se esta relação existe ou não.

São 3 métodos hoje que são usados para medir estas imunoglobulinas no sangue. Todos têm nomes diferentes, mas não se preocupe: importante saber que eles são diferentes e têm confiabilidade também diversas. São eles: ELISA (mais confiável); Quimioluminescência (confiabilidade média); Teste Rápido (confiabilidade mais baixa).

Além do mais, é crucial saber que em pacientes assintomáticos (que não fazem sintomas) ou pouco sintomáticos (oligossintomáticos) os exames têm ainda menor sensibilidade.

  • Qual o material utilizado? sangue, na verdade o soro, uma parte do sangue! No ELISA e na Quimioluminescência, precisamos colher o sangue de um vaso sanguíneo, como das veias do braço. No Teste Rápido, por outro lado, fazemos um furinho no dedo para colher o material;
  • Qual a sensibilidade? É baixa e variável, principalmente naquelas de fase aguda (IgA e IgM). A IgA, feita no ELISA, tem maior sensibilidade que a IgM se coletadas no mesmo tempo. A gravidade do quadro clínico também pode mudar tanto a sensibilidade quanto o tempo em que elas aparecem;
  • Qual a especificidade? É alta, mas ainda passível de ser influenciada por outras doenças que não a COVID-19:  infecção pelo vírus Epstein-Barr, presença de fator reumatoide, doenças autoimunes e pneumonia bacteriana aguda, bem como indivíduos que receberam vacina para influenza podem positivar as imunoglobulinas em pacientes que não têm COVID-19. Por isso é muito importante contar ao seu médico todas as suas informações de saúde antes de interpretar o resultado das sorologias;
  • Quando fazer? Recomenda-se coletar a partir do sétimo dia de doença.
  • Até quando fica positivo? Não sabemos. A IgA e a IgM tendem a diminuir depois de 3 semanas. A IgG é positiva em quase 100% dos casos depois de 14 dias e tende a permanecer alta por bastante tempo. Entretanto, ainda não sabemos por quanto tempo a IgG permanece positiva. Pode ser que ela desapareça depois de algum tempo, ainda não sabemos.
  • Se positivo, significa que o paciente está transmitindo a doença? Não! O teste avalia a resposta do corpo ao ataque do vírus, não se ele é capaz ou não de transmitir a doença.
  • Resultado: em até 2 dias, normalmente. O teste rápido costuma sair em até 1 hora (na maior parte dos laboratórios).

RESUMO – INTERPRETAÇÃO DA SOROLOGIA:

IgA ou IgMIgGInterpretaçãoObservações
NegativoNegativoSem infecção nesta amostraPode ser que o paciente não tenha se infectado ainda ou que a amostra tenha sido colhida antes do 7º dia de doença; Se o paciente tiver quadro clínico e/ou história compatível com COVID, repetir o exame depois de 7 dias.
NegativoIndeterminadoProvável reatividade inespecífica da IgGPode ser uma falha do exame, mas não exclui a possibilidade de ser COVID. Se o médico ainda mantiver dúvida, repetir depois de 7 dias.
NegativoPositivoInfecção passada pela COVID-19O resultado sugere que o paciente já tem mais de 3 semanas do início do quadro de COVID-19. Não se sabe até quando esta IgG fica positiva.
IndeterminadoNegativoReatividade inespecífica de IgA/IgM ou início de soroconversãoPode ser falha do exame ou o exame foi colhido muito cedo na doença, antes do 7º dia, e o exame pode se tornar positivo em alguns dias. Se ainda persistir a suspeita pelo médico, repetir o exame depois de 7 dias.
IndeterminadoIndeterminadoResultado indeterminadoPode ser falha do exame ou o exame foi colhido muito cedo na doença, antes do 7º dia, e o exame pode se tornar positivo em alguns dias. Se ainda persistir a suspeita pelo médico, repetir o exame depois de 7 dias.
IndeterminadoPositivoInfecção passada pela COVID-19O resultado indeterminado de IgA/IgM pode ser residual (quando já estão caindo). A IgG positiva sugere que a infecção já tenha acontecido há mias de 2 – 3 semanas.
PositivoNegativoPossível infecção recente pela COVID-19Pode ser uma infecção recente com amostra colhida antes do 14º dia de doença; ou reatividade cruzada com outras doenças (como dito acima). Repetir 7 dias depois para tentar documentar que a IgG também apareceu.
PositivoIndeterminadoPossível infecção recente pela COVID-19Pode ser uma infecção recente com amostra colhida depois da 2º semana de doença (quando a IgG começa a subir); ou reatividade cruzada com outras doenças (como dito acima). Repetir 7 dias depois para tentar documentar que a IgG também apareceu.
PositivoPositivoInfecção recente pela COVID-19Doença documentada com evidência.

Que tal? Ficou alguma dúvida?

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Abraços,

Drª Luana